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Fala Treinador!


Comecei este post com a intenção de falar sobre métodos de treinamento ? minha grande paixão ?, mas esbarrei numa questão chamada Treinamento de resistência. Na minha opinião, é impossível aplicar/ prescrever algum método de treinamento (contínuos, fartleks, intervalados etc) sem que se compreenda o papel da resistência e suas implicações.

Então vamos lá!


A maioria dos esportes, depende de certo nível de resistência, de velocidade e de força. Na busca incessante pela melhoria da condição física, criou-se, ao longo do tempo, um conjunto de métodos e procedimentos utilizados pelos treinadores para o pleno desenvolvimento de seus atletas. Assim a alta performance tem relação com a resistência.

A Resistência se faz presente na base da maioria das atividades esportivas, mesmo não sendo sempre um fator determinante quanto ao rendimento. Logo, treinador, devemos nos atentar aos ganhos reais que se pode obter com o treinamento da resistência.



Abaixo, destaquei 7 pontos principais [1]:


  1. Manutenção saúde;
  2. Melhora da forma física;
  3. Manter um alto nível de velocidade de movimentos durante o maior tempo possível;
  4. Alta manifestação da força muscular
  5. Sustentar durante um maior tempo possível uma intensidade ótima de determinada carga;
  6. Recuperação mais célere após aplicação de altas cargas, possibilitando mais densidade de treinamento;
  7. Melhora da capacidade de resistência de cada modalidade esportiva.


O que é essa tal Resistência?


É, de maneira simples: a capacidade de se opor a fadiga. A pessoa que realiza um esforço com uma determinada intensidade em um tempo relativamente prolongado sem sentir os sintomas da fadiga possui boa resistência, e igualmente, grande possibilidade para persistir no esforço quando a fadiga aparecer. [2] 

Existem dois tipos de fadiga: a física e a mental. Nosso objeto de estudo principal é a fadiga física ? definida como a inabilidade para manter uma potência/força exercida durante repetidas contrações musculares. [3]

Jurgen Weineck [4], classificou a resistência da seguinte maneira:

  1. Geral e localizada ? refere-se à participação da musculatura num exercício;
  2. Resistência de força, força rápida e de velocidade ? diz respeito aos principais requisitos motores;
  3. Aeróbia e anaeróbia ? quanto à mobilização energética;
  4. Curta, média ou longa ? quando o foco da análise é a duração do exercício.
  5. Geral e específica ? quanto à modalidade esportiva


Neste Post, vou tratar dos três últimos pontos:

Meu foco principal são corridas de média e longa duração e há muitas interpretações totalmente equivocadas sobre este assunto na hora da prescrição de treinos. Assim, abordar estes itens é uma forma de manter meu intuito principal: Tratar de questões práticas do treinamento.


Aeróbia e anaeróbia [5]


A mobilização energética pode ser dividida em:

Anaeróbia Alática: consiste na realização de um esforço que não provoque a  acumulação excessiva de lactato (que não produz fadiga). Utiliza reservas de ATP e fosfocreatina do músculo. Em um esforço máximo de até 10 segundos.

Anaeróbia Lática: consiste em realizar um esforço que provoque acumulação excessiva de lactato (produz a acidose que provoca  fadiga). Em um esforço máximo com duração entre 40 segundos a 2 minutos. Ainda podemos tomar como exemplos as corridas no atletismo de 400m e 800m.

Aeróbia: usa o oxigênio e nutrientes (carboidrato e gordura ) para produzir energia para o músculo. Para criar o ATP o sistema aeróbico não é tão rápido como os outros, porém produz energia por muito mais tempo. Mais de 3 minutos.


Curta, média ou longa duração [6]


No que diz respeito ao tempo, a resistência contempla esforços com durações muito amplas: inferiores a 20?? segundos (corridas rasas de 100 e 200 metros) superiores 6 horas (ultramaratona e Iron man).

São muitos conceitos, né? Então para facilitar as coisas, segue um esquema para não perdermos a sequência do que foi dito até agora:




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Geral e específica ? os tipos de resistências


A resistência geral [7], também nomeada por alguns autores, como resistência de base, pode ser dividida em:

Para aprofundar ainda mais na densidade desse assunto, gostaria de detalhar um pouco mais a resistência quanto ao tempo de duração baseado no esforço. A proposta que mais gosto e sigo como um ?mapa norteador? na hora da prescrição. Criada por Navarro e Verdugo [8], ela estabelece uma relação entre tempo de duração e o metabolismo predominante.

Criei mais um esquema para melhor compreensão destes conceitos:



A partir do conhecimento do tempo de duração de cada tipo de resistência, você pode dividir toda a preparação de seus alunos com seus respectivos tempos e distancias de provas, encaixando-os nestas subdivisões acima. Vejamos um exemplo: o recorde mundial nos 10.000 metros é do etíope Kenenisa Bekele com o tempo de (00:26:17,53) ? entra na classificação de RLD I, 8 a 30 minutos; Já um corredor amador que faz os mesmos 10.000 metros em (00:50:00) se encontra-se na classificação de RLD II ? 30 a 90 minutos. Isso quer dizer que o sistema de preparação que é feito para o atleta de elite é totalmente diferente do que é feito para o atleta amador do exemplo.

Mas você pode me dizer: isto é óbvio quando comparamos um atleta de elite com um amador!


Um estudo de caso no treinamento de resistência


Como resposta, organizei um quadro comparativo de dois atletas que treinam comigo, de modo a estruturar nosso raciocínio. Vamos chamar o primeiro corredor de A; e o segundo de corredor de B. O corredor A é um atleta de nível avançado e o B de nível iniciante, supondo que eles treinam 5 horas / semana, teremos:




Percebeu a diferença? O atleta A se encontra numa faixa diferente do B! Esta diferença tende a ser bem maior, pois um atleta avançado treina muito mais horas que um iniciante.

Como consequência toda a distribuição da dinâmica de cargas no macrociclo deverá ser adaptada a cada nível. Os métodos de treinamento se encaixarão de modo que a dinâmica de cargas seja obedecida.

Mas isto é um assunto para outro post!  

O que me incomoda muito, é uma frase que escuto com frequência: ?Isto funciona para elite, não para corredores comuns?. Prescrevo treinos desta maneira para todos os meus alunos, sem distinção! E te afirmo que funciona tão bem com os atletas comuns quanto funciona para os atletas no alto-rendimento. Dá muita segurança para nós, treinadores, na hora de prescrever os treinos. Os alunos se sentem bem, confiantes e capazes de realizar as atividades propostas.

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Teldo Diniz

 

REFERÊNCIAS

[1] [2] [8] VERDUGO, Mariano García. Resistencia y Entrenamiento: Una metodología Práctica. Ed. Paidotribo. Badalona / ESP. 2007

[3] Resistência física bases biológicas, medicion y desarrollo / Gustavo Ramón : click aqui

[4] WEINECK, Jurgen. Treinamento Ideal, Instruções técnicas sobre o desempenho fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. Manole, 9ª edição, 2003.

[5] HOLLMANN. Wildor. Medicina do Esporte: Fundamentos Anatomico-fisiológicos para a prática esportiva. 4a Edição, Manole, São Paulo, 2005. 

[6] ZINTL, F. Entrenamiento de la resistencia. Fundamentos, métodos y dirección del entrenamiento. Barcelona. Ediciones Martínez Roca, S. A. 1991.

[7] La resistencia como capacidad física básica. Consideraciones teóricas. Disponivel aqui.